Errata..

Quero registrar meu imenso equívoco ao falar de amor.
Dependendo da maneira que interpretar meu texto ("Nobody is gonna hit you as hard as life"), poderá entender que o amor de meu ponto de vista é uma coisa destrutiva e prejudicial.

Isto precisa ser esclarecido aqui.

Quem sou eu para falar de amor?

Que tipo monstruoso de ego poderia contradizer todos os poetas, músicos e apaixonados de uma vez só? Em uma vida só!?
Há de ser mais um mal amado, diriam, romântico fracassado, com um ódio tão ácido quanto as palavras que ousou utilizar para difamar o mais forte de todos os sentimentos - o amor!

Vos digo aqui que escrevi como poeta que sou, com igual paixão a que tenho pela música que dança em minhas veias.
Pois sim, sou também um apaixonado!

Certamente a doçura do amor em minhas palavras já assume um sabor mais cítrico, com leve amargura causada por minhas desavenças com a vida e outros desentendimentos, mas ainda tem grande paixão em meus atos e dizeres. Diria que sou movido e motivado por tal paixão - como uma fonte de vida!


Neste ponto, presumo, a pergunta seria: Então porque difamar a própria "fonte de vida"!?

Então digo que não a difamei!

"Quem sou eu para falar do amor?"

Acho que já me apresentei.
Agora falemos do amor.

Existem muitas faces do amor.
Muitos lados da mesma coisa.
Muitas coisas que damos mesmo nome.
Chamamos fé de amor. Chamamos muitos vínculos de amor também, Amor da família, do cachorro, da namorada, do lar, do que fazemos...
É claro que daria confusão!
E deu.

Quando falei de amor, critiquei o amor possessivo, o egoísmo do amor e falei da fé, que também tem seu egoísmo característico.
Não é exatamente uma façe diferente, mas me parece uma ou algumas propriedades do amor.
O amor é fruto do ego.
É parte dele.
Bem ou mal, o amor completa o ego.
E o ego é uma entidade delicada - é sensível e só encherga o que lhe convém.
E isso pode ser perigoso.
Como disse no outro post, ao qual me referi no início deste.

Não vou repetir os argumentos, mas vou complementar sobre os amores perigosos.
Todos são perigosos.
Ferir o amor é ferir o ego.
Portanto seria necessário um controle hábil do ego para não haver problemas após um possível ataque ao mesmo.
Ciúmes, guerra santa, vingança...
Segura aí então!

Tá, o amor é uma droga, um monstro... e somos todos estupidos cavando nossa cova!
Agora joguem as pedras!

Queria eu que fosse tão simples.
Poderia ganhar o Nobel da paz por uma descoberta tão revolucionária.
Se fosse revolucionária.

O problema é que o amor faz bem também. (Não diga!)
A paixão é motivante.
Completar o ego é necessário.
Quebra-cabeças existem para serem montados.
Nosso ego é o quebra-cabeças, vivemos para montá-lo.
É plausível relacionar felicidade e o amor como duas buscas ou até uma mesma busca natural da vida.

Difícil falar de amor.
Apanho dele, e vou continuar apanhando até o entender!
E mesmo quando entender, vou apanhar mais, pra descobrir que não sei quase nada, ainda...

Mas é por amor, que tento enteder.
Essa paixão que me faz escrever, errar, acartar e errar denovo.
Assim como na vida, apanhar, apanhar, apanhar e levantar para apanhar novamente.
Só pode ser loucura, ou amor.
Assim deve ser o amor.
Esse paradoxo tão óbvio e tão nebuloso.

Direcionamos nossas velas
frente à neblina,
mergulhamos neste desconhecido
com a paixão ilógica
da busca por algo indefinido,
como aventureiros navegando às cegas.

Ah... o prazer!

Milênios atrás, alguns barbudos usando vestidos na cidade de Atenas já teriam, chagado a essa conclusão.
Milênios atrás esses barbudos não trabalhavam um centésimo do que se trabalha hoje,
milênios atrás nem parecia que o mundo ia acabar por tantos motivos diferentes.
E milênios atrás esses barbudos concluíram uma coisa tão contemporânea.
Uma coisa aparentemente tão óbvia.
Mas, o que acontece então?
Se é tão óbvio quanto parece, tão simples quanto parece, por que as pessoas não estão sorrindo e se abraçando nas ruas?
Por que milênios atrás as pessoas já não sorriam nas ruas, mas sim guerreavam por tantos motivos, e até hoje continuam do mesmo jeito?
Por que maridos batem em suas esposas, se quando casaram, se propuseram uma felicidade mútua?

Um famoso barbudo de vestido de milênios atrás foi Epicuro de Samos.
Epicuro nasceu em Atenas, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu com a família para Samos.
Quando voltou para Atenas Epicuro entrou em contato com vários filósofos da época e à partir de suas teorias, reformulou alguns pontos e desenvolveu a sua própria.
Lecionou filosofia e depois fundou sua própria escola filosófica, batizadsa de "O Jardim", onde lecionou sua filosofia até o fim de seus dias.
Epicuro sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor, fato que certamente direcionou suas conclusões filosóficas para o universo da vida marcada pela dor.

A fração mais conhecida de sua filosofia é a doutrina que reflete sobre o prazer.
Epicuro fala sobre um prazer natural do corpo, um prazer inconsciente.
Um prazer ligado à saúde e as emoções.
"O prazer é o primeiro dos bens. É a ausência de dor no corpo e de inquietação na alma". (Epicuro de Samos)

Será que o mundo todo deveria sofrer de cálculo renal para que chegássemos ao menos perto das conclusões tão naturais de Epicuro?

Será que epicuro estava errado?
Na verdade ninguém quer ser feliz?

Ou quer por demais e acaba ignorando o desejo de felicidade do próximo, por ambição?


Neste ponto Epicuro não erra. A felicidade de epicuro é mais subliminar, não se trata de ambição e desejo e sim de necessidade.

E o outro prazer onde fica?
E quem não pensa assim.

Talvez o maior problema de viver em sociedade seja falar a mesma língua.
Felicidade significando a mesma coisa para qualquer um que confronte esta palavra.

Talvez Einstein não resolveu apenas um problema da física com seus postulados da teoria da relatividade.
O principal argumento da teoria de Einstein é que um fenómeno físico seja exatamente o mesmo, independentemente de onde esteja sendo observado - ou seja, a física é a mesma para todos.

Uma afirmação tão simples e mudou toda a compreensão da estrutura do universo.
Nem mesmo Einstein acreditava em algumas conclusões que sua teoria possibilitava.

Infelizmente a filosofia e a ciência se desvincularam nos tempos de Newton e resolveram seguir caminhos opostos - A ciência para os conceitos que podem ser medidos objetivamente e a filosofia para os conceitos subjetivos e imensuráveis.
Este fato distanciou os filósofos de teorias brilhantes como a da relatividade ou dos princípios da quântica, como o princípio da incerteza de Heisenberg (Princípio que descobre uma imprecisão característica da realidade para qualquer fenômeno. Exagerando um pouco é como um questionamento da existência de qualquer fenômeno!)

Mas se a relatividade fosse adaptada para a filosofia e abraçada pela sociedade, provavelmente enxergaríamos o mundo com menos egoísmo e mais aceitação. Talvez conceitos como felicidade comum, colocar-se no lugar do próximo fossem mais bem entendidos.

Mas entender ainda é um grande problema da humanidade.

O que fazer então?
Entender a felicidade?
Entender a si mesmo?
Entender o universo?

Tudo isso são os propósitos básicos da filosofia.
E qual é o conceito básico da filosofia?

Um amigo me lembrou desse conceito inúmeras vezes e outras discussões.
Filosofia é pensar!
Filosofia é questionar, analisar e concluir.
E questionar novamente.
Assim como a ciência.
A diferença é que a ciência aplica as conclusões.

Acho que esse pode ser um caminho.
Uma solução particular do "problema da humanidade".
Uma cura, talvez...

A cura

Parece evidente e inunânime entre a geração a que me cabe parte, que existe um motivo fundamental para que se acorde todo dia e se viva de acordo com o que é de costume buscar e em alguns momentos até perseguir insistentemente.
Eu falo de diversão. Pura, simples, sincera e espontânea diversão.
Qualquer idiota percebe que não existe nada mais gratificante do que viver uma vida repleta de diversão. Sim, porque que outro motivo teríamos para estudar tanto e trabalhar tanto, senão para que pudéssemos desfrutar de toda a diversão que os louros desses esforços podem nos proporcionar?
Aquele momento sublime em que você sente que chegou a um ponto preciso de satisfação e prazer que te preenche tão completamente chegando por algumas horas a te enganar escondendo sua efemeridade.
É esse tipo de momento que procuramos todos os finais de semana, e que vivemos nostalgicamente cada dia da semana esperando por mais, sempre mais. Fica claro que não se pode ter o suficiente desse que é o remédio para o tédio e o mau humar, para o cinza do mundo.
Momentos, bons momentos. É só isso o que se faz necessário para que cada ser humano viva sabendo que fez alguma diferença passar por tudo isso.

"...nobody is gonna hit as hard as life." (Rocky)

A gente apanha, apanha, apanha e apanha mais.
A gente cai, levanta e cai denovo.
A gente reclama, a gente grita, se enfurece, chora...
e continua caindo.

O discurso do Rocky para seu filho em no ultimo filme da série é lindo. Aquele monstro com tantas cicatrizes incrustadas pela vida, lembrando de todas as vezes que teve de sentir o sabor da lona pra lembrar que não é o seu prato predileto e levantar de qualquer maneira, a qualquer custo porque aquela era sua vida, para mostrar ao filho que a vida não é fácil, e ela vai te bater até o deixar de joelhos no chão, e se não fizer nada, provavelmente vai continuar lá. Ele ainda vai e define a vida como uma luta sem fim: "It´s not about how hard you hit. It´s about how hard you can get hit and keep moving foward."

Acho que não existiria melhor definição da vida para ponto de vista dos contribuintes desse blog. Tenho certeza que todos aqui assinamos embaixo do que Balboa disse.

Eu ainda vou mais longe.
Acho que viver é uma luta contínua que você já sabe o final.
Você perde.
É lutar perdendo desde o começo, apanhando sempre e sabendo que vai ser nocauteado no final.
Chega a ser engraçado:
A máxima do humor negro é a vida.

Mas as conclusões chegam a ser catastróficas.
Se deus ou qualquer outra "força superior" existe, ele é forte e agressivo.
O tipo de pai que bate no filho.
Irônico.
Deus é sádico!
Chega a dar aquele nó na garganta.
Mas isso já é de conhecimento popular.
Dizem que é como um teste para ir para um suposto paraíso - outra vida.

Então essa vida é só um treino?
Sofre, aqui pra ser recompensado depois?

Se um pai fala isso para um filho aqui ele deveria ser preso.
Se fazer sofrer em nome de um amor cego durante uma vida toda para qe talvez haja uma recompensa.
Brilhante.
Inacreditável.
Inacreditável como as pessoas aceitam isso.

O amor é terrível.
Só pode.
Fazendo sofrer em nome de amor.
Como pode ser tão absurdo e ninguém notar?
Sofrer por amor, se humilhar por amor, se destruir por um amor.
As pessoas matam por amor, morrem por ele, se enganam, e continuam achando lindo.

É incrivelmente absurdo que os ideais básicos da maioria das pessoas sejam baseados em sofrimento. Fé e amor. Duas palavras cheias de significados, com tanta história de sofrimento e tanta importância para as pessoas.

Deve existir outra maneira de ver a vida que não seja em função de amor e fé, já chega desse masoquismo moral.

Lutar e se levantar não por uma esperança desconhecida, não por um troféu nem uma outra vida sem luta.
Lutar sim por natureza, lutar por gostar de estar lá, lutando e se levantando.
Por se sentir mais vivo a cada vez que vai ao chão e levanta denovo.
Acho que o "Garanhão Italiano" nos mostrou bem esse ponto de vista.
Lutar porque viver é lutar e levantar porque lutar é levantar, e levantar, e levantar.
Até acabar a luta.
Até o fim.

Mas, novamente, o Rocky nos mostra que perder nem sempre é perder completamente.
Não é porque acabou a luta e você apanhou mais que você perdeu.
Não tem jeito, a luta acaba.
A vida acaba um dia.
Mas se sua vida continua sendo relevante após o fim, se a sua luta continua sendo importante mesmo após o gongo tocar, então, de alguma maneira você venceu.
Se a vida queria te nocautear e você terminou em pé, a vitória é sua.

Assim, daquele jeito bem Johnnie Walker, "você pode se tornar imortal".

it falls...it raises...it faces

Confesso que esse trio de Demónios foram feitos para sofrer, mas também foram feitos para aguentar os diversos tipos de penar. É exatamente essa jornada de cai/levanta que nos intriga e estiga, e não existem possibilidade alguma de desistirmos desse jogo que a vida nos proporciona de forma até maldosa.


Foi brilhantemente citada a frase do nosso "Garanhão Italiano" Rocky Balboa pelo demónio Amin, esse é o lema que faz com que não desistimos.


O que importa na realidade é como tu absorve as pancadas, se conseguir reverte-las ao seu favor ou ao menos não fazer delas motivo de ódio ou raiva, é um grande passo a vitória, é como se no fundo do poço tivesse mola..rs


Na teoria tu cai, levanta, cai, levanta de novo, uma hora ou aprende e não cai mais, ou tu não levanta mais; no nosso caso e pode ser que de outras também "aprendemos a cair" e reverter o tombo em algo proveitoso.


Mas o fato que ser obstinado, insistente é intrínseco à personalidade, e se eu digo que esses demónios não desistem , eles não desistem, seja qual for o plano, a idéia, ela de alguma forma será realizada.


Por que bater não é nosso forte... mas não há pancada que não aguentamos.



"I know you're in there, i can hear you caring!"
"Eu sei que você está ai, eu ouço você se importando"

Frase ótima de Dr. Gregory House, justificando o ser turrão!

Trying harder...

Então é assim... Você apanha, levanta, apanha de novo e continua se levantando de novo e de novo, porque tem que ser assim e ninguém disse que seria fácil. Mas é desgastante, definitivamente é desgastante. Você é um demônio relativamente experiente nesse tipo de coisas mas até os demônios se desgastam com esse tipo de coisa.


Eu sei que trata-se de um projeto complexo e de difícil aplicação, mas é um projeto em andamento exclusivo e você não tem mais em que se apoiar. É sua única saída, o único caminho, e de repente você percebe que o seu plano B pro caso de uma enventual falha é viver. O problema é que talvez esse plano B não seja bom o suficiente, talvez fosse melhor implementá-lo um pouco. É agora que entra a melhor idéia de todas: o seu plano B vai ser se manter no plano A.


Assim, você continua aqui. Não vai a lugar nenhum e não desiste, nem procura outra abordagem. Continua apanhando ao invés de bater, como você havia planejado. Mas continua e deixa isso claro.
Isso me lembrou uma fala de impacto de um filme que eu assiti pouco tempo atrás e adoro.


"It´s not about how hard you hit. It´s about how hard you can get hit and keep moving foward." - Rocky Balboa


(Não se trata de quão forte você pode golpear. Se trata de quão forte você pode ser golpeado e continuar seguindo em frente.)