Entre uísques e jaquetas de couro

Continuando...

Terminada a mudança pro novo apê, eu já estava começando a me ajustar a idéia de que eu virar dono-de-casa de novo e por tempo indeterminado, quando pra minha surpresa uma das entrevistas que eu fiz acabou se tornando algo concreto e no dia 15 de setembro eu comecei no novo trabalho.
Por coincidência foi nesse mesmo dia que eu tive meu primeiro contato com alguém conhecido em solo argentino, meu pai veio pra cá a trabalho e veio pra ficar um mês.
Depois de 2 meses e meio sem ver nenhuma cara conhecida, fora a chica, eu ia passar um mês vivendo o sonho americano com meu velho. E assim foi, os melhores restaurantes, os melhores vinhos, os melhores lugares e tudo pago com a 8ª maravilha do mundo moderno e capitalista... o cartão de crédito corporativo.
Fora isso, meu velho também me trouxe umas muambas que eu pedi, uma blusa, um tênis novo e uma garrafa de Red Label.
Durante os primeiros meses que eu estive aqui, por motivos econômicos óbvios, a única coisa que eu comprei foi uma blusa de 35 pesos. Mas desde que eu cheguei estive namorando uma jaqueta de couro aqui. Cheguei até a entrar na loja e provar a porra da jaqueta umas duas ou três vezes. Eu sei que parece uma futileza, e é mesmo mas quem não quer uma jaqueta de couro?!
E foi justamente essa a primeira coisa que eu comprei com meu primeiro salário, e já que eu estava gastando, resolvi gastar em grande estilo e comprei uma jaqueta de couro pra chica também, de presente de aniversário.
Acho que nunca me senti tão bem comprando roupa. E caros amigos tenho que dizer uma coisa:

Você não é um homem completo se não tem uma jaqueta de couro.

Continua...

Coisa de homem...

Continuando...


Minha busca por trabalho se tornou um tanto quanto frustrante, depois de algumas entrevistas. O que acontece é que todas as entrevistas que eu fiz me deixaram com a impressão de que a vaga tava no papo e na realidade as coisas não eram bem assim. E isso, somado ao fato de eu ficar em casa enquanto minha namorada saía pra trabalhar todo dia, meio que me deixou pra baixo por uns dias.
Nessa mesma época a gente encontrou um outro apartamento, um apê de verdade. Com tudo muito grande, bem dividido e por praticamente o mesmo preço que a gente pagava pelo cafofo.
Isso foi uma coisa boa, e que reanimou meus ânimos porque nas semanas que se seguiram eu tive que me ocupar em tornar o novo apê habitável e limpo pra gente se mudar.
Falando assim parece muito simples deixar o apartamento nos trinques, mas não foi. E explico porque.
O apê já tinha alguns móveis, todos eles velhos e fudidos, e eu lixei e pintei tudo. Tudo significa:
- guarda-roupa embutido (8 portas)
- cama de casal
- 2 criados-mudos
Fora isso, eu reformei um guarda-roupa pequeno que a gente tinha no outro apartamento, e transformei ele numa estante pra sala, onde hoje está a TV.
Mas a pior parte foi tirar o carpete que tinha no quarto, espatular todo o piso e depois colocar um piso novo. Isso foi foda mas na colocação do piso minha chica me ajudou.
Fodi tanto as minhas mãos que achei que elas nunca mais seriam como antes. Trabalhei pra caralho mesmo, e valeu a pna porque ficou tudo lindo.
E nesse ponto gostaria de expressar outra observação.
Todo esse trabalho foi altamente recompensado com doses cavalares do melhor pagamento que uma mulher pode dar a um homem, amor. E vale lembrar que eu sabiamente somei a todo esse trampo meus dotes culinários, o que tornou a recompensa inimaginavelmente prazerosa.
Fora que me senti muito mais macho por conta de todo esse trabalho braçal, isso realmente torna um homeme mais homem.


Continua...

Saludos porteños

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Queridos demônios, escrevo para passar pra vocês um "geralzão" do que tem acontecido comigo aqui em solo porteño.
Bom, vou começar do começo que é como toda história deve ser contada.
Cheguei, cheio de amor e louco de tesão pela minha gatinha argentina, fui muitíssimo bem recebido por todos e me senti bm a vontade desde o princípio. As primeiras semanas foram de puro e intenso "amor carnal", como vocês já deviam ter previsto se me conhecem tão bem quanto eu penso que me conhecem.
Todos os trâmites ficaram pra depois, faculdade, trabalho, visto, coloquei tudo isso em modo de espera e me dediquei exclusivamente a amar. O segundo passo foi organizar minhas coisas no cafofo, o que não foi nada muito complicado por 2 motivos:
1º - Eu não trouxe quase nada, só o que era realmente necessário.
2º - O kitnet era tão pequeno que não me deixava muitas alternativas, mas era aconchegante... Um verdadeiro ninho de amor.
Na etapa seguinte (+ ou - 3ª semana) me dediquei aos trâmites da faculdade, e foi tudo basicamente como o esperado. E a partir daí também já comecei a correria atrás do visto e de trabalho.
E enquanto eu procurava trabalho e fazia as primeiras entrevistas, comecei a me dedicar aos afazeres domésticos e acabei encontrando meu novo hobbie, cozinhar. E aqui fazemos uma pausa pra eu explicar pra vocês porque gosto disso.
Reafirmação de masculinidade
O lance com a gastronomia é o seguinte:
Tudo nasce a partir do ócio, o ócio realmente acaba por levar o ser humano a caminhos interessantes. E foi isso que me levou pra cozinha, cozinhar pode ser uma atividade bastante divertida se combinada com a dose certa de álcool e tabaco, e claro uma boa música. De preferência deve-se mesclar o máximo de ingredientes e de condimentos no prato que vai ser preparado, e fazer tudo dançando muito e cantando sozinho só de cueca feito um louco. A quantidade de álcool e tabaco varia de pessoa pra pessoa mas eu sugiro como mínimo uma garrafa de cerveja e 3 cigarros. O tempo gasto pra fazer um rango firmeza é + ou - 2 horas.
Fora a diversão solitária e a sujeira, eu também garanto pra vocês uma namorada morta de feliz e um pagamento à vista em sexo selvagem* e apaixonado como recompensa do trampo gastronômico.
Masculinidade reafirmada

*o sexo selvagem tem uma melhora proporcional à melhora dos seus dotes culinários.


Continua...