O fim da boemia desvairada

É com imenso pesar que informo aos interessados que este que vos escreve não mais engorda as estatísticas como mais um desempregado.

Dado o fim da ajuda governamental que vinha recebendo nos últimos meses (vulgo seguro-desemprego) me vi forçado a sair às ruas numa empreitada rumo aos campos de trabalho. Durante esse tempo presenciei o pior do ser humano. Filas em agências, andanças diversas, testes e entrevistas mil, treinamentos estafantes, enfim eu vi o inferno! E lá se trabalha.

Porém, ainda que me restassem apenas algumas horas de lazer aos finais de semana, procurei explorá-las ao máximo e jamais abandonei meus iguais. E pude dessa maneira desfrutar uma vez mais da boemia desvairada nossa de cada dia.

Espero um dia poder ver o mundo funcionando da forma utópica e maravilhosa que eu e meus comparsas desejamos. Um mundo onde as pessoas não precisem adiar a boemia para os fins de semana, um mundo etílico e maluco, um mundo boêmio.

Um brinde à boemia!

Road to anywhere...



Não consigo tirar da cabeça aquela velha idéia de pegar o violão, jogar no banco de um carro e sair tocando por aí, de bar em bar. Depois de um ano na estrada, eu voltava e continuava a vida de onde havia parado.

Esses meus últimos dias foram complicados, pressões de todos os lados, sem parar, me levando à exaustão. A faculdade me consumiu mais do que eu imaginava que seria esse semestre, mas a vida é assim. Sempre tem algo que se voce não tomar cuidado vai absorver até sua ultima gota de sangue das veias.

E isto me levou até este ponto.
"Pegar a estrada" me parece o descanso mais atraente para o momento.
Viver outras coisas, sem pressões... sem muitas pretensões.
Viver viajando, sem estacionar em um problema por muito tempo.
Soa bem.

Provavelmente daria material para um ou dois CDs de blues - Que beleza!

Mas a vida não é tão fácil assim.
Seria muita ingenuidade acreditar que quando voltasse eu poderia continuar a vida de onde parei.
A vida já me mostrou, me cansou de mostrar, que ela não vai dar descanso.

Mas certos sapos são tão difíceis de engolir.
Quando o orgulho começa a gritar, aquela fera lá dentro, explodindo tudo, pedindo liberdade...
Talvez apenas um pouco de paz.
Quando os cabelos começam a ser arrancados involuntariamente pelos dedos.

...à beira da loucura,
como em tantas outras vezes,
brigando contra os próprios demônios,
para não ter que começar tudo denovo...